Trabalhos científicos mostram que as duas observações são verdadeiras.

Pesquisas epidemiológicas sugerem que a prevalência da obesidade mundial dobrou desde 1980. Esta epidemia vem em paralelo com uma tendência da redução do tempo de sono, além da frequente queixa da piora da qualidade do sono.

Segundo um artigo publicado em Harvard, não dormir o suficiente pode:

  • Aumentar a ingesta alimentar por
    • Aumento da fome devido a alteração dos hormônios que controlam o apetite: Alguns estudos mostraram que homens jovens que dormiam pouco tinham níveis mais altos do hormônio grelina (que aumenta o apetite), e níveis mais baixos de leptina (que dá saciedade). Isto aumentava a fome e a vontade de ingerir alimentos ricos em gordura e carboidratos.
    • Quem dorme menos tem mais tempo para comer, e segundo algumas pesquisas, geralmente durante este período acordado a escolha é por alimentos não saudáveis.
    • Um estudo em trabalhadores japoneses mostrou que aqueles que tinham menos de 6 horas de sono, a sua alimentação era de baixa qualidade, com lanches e besteiras, em relação aos que dormiam mais.
  • Dormir mal diminui o gasto energético:
    • Pesquisas indicam que quem dorme mal fica mais cansado durante o dia, permanece mais tempo sentado e não tem disposição para praticar atividades físicas.
    • Embora não totalmente comprovado, em alguns experimentos em laboratório as pessoas que dormem menos sofrem uma redução na sua temperatura corporal, o que reduz seu gasto energético.

 

E por que o gordinho dorme mal?

Os obesos têm maior incidência de Síndrome da Apneia Obstrutiva do sono (SAOS) (42 a 48% entre homens e 8 a 38% entre mulheres, e por outro lado, 60 a 90% de pacientes com SAOS são obesos.

De acordo com dados publicados na Revista Brasileira de Obesidade, Nutrição e Emagrecimento por Zimberg, a incidência de SAOS entre pacientes morbidamente obesos é 12 a 30 vezes maior do que na população geral.

A SAOS é caracterizada pela incapacidade de se atingir o sono profundo, além de falta de oxigenação. Os sintomas incluem sonolência excessiva diurna, ronco alto, dificuldade de concentração, sono não reparador, culminando em prejuízos no aspecto social e na qualidade de vida, sendo a doença progressiva e incapacitante.

Sono e Obesidade

 

É necessário quebrar este círculo vicioso dormir mal- engordar- dormir mal…

 

 

 

Medidas que podem auxiliar

  • Procure manter o peso,
  • Tenha uma dieta com alimentos saudáveis,
  • Seja ativo e pratique atividades físicas,
  • Organize sua vida de forma a ter mais tempo para descansar,
  • Tente dormir sempre no mesmo horário, e tenha atividades mais relaxantes perto do horário do sono,
  • Evite ficar muito tempo na cama vendo televisão ou utilizando aparelhos eletrônicos,
  • Procure por profissionais da saúde para o diagnóstico e tratamento correto para os distúrbios do sono.

 

Referências:

Beccuti G e col,Sleep and Obesity, Current Opinion in Clinical Nutrition and Metabolic Care. 14(4):402–412, JUL 2011

Cheung, L e col, Obesity Prevention Source, Harvard School of Public Health 2018

Zimberg IZ e col, Revista Brasileira de Obesidade, Nutrição e Emagrecimento, v. 11, n. 64 (2017)